Apesar da sua índole religiosa, o Caminho de Santiago é percorrido hoje em dia não só por peregrinos religiosos mas também por razões espirituais ou então por pessoas que pretendem auto-desafiar-se.
A experiência vivida no Caminho é, na minha opinião, muito pessoal e, por isso, o objectivo deste post não é partilhá-la, mas sim dar-vos dicas práticas para tornar a vossa experiência ainda mais positiva.
Escolha do Caminho
Para decidir qual o Caminho que irão fazer devem ter em conta a vossa condição física (por exemplo, o Caminho Português da Costa é mais exigente) e os dias que terão para o fazer. Existem vários sites para se porem a par da logística do Caminho (Mundicamino, Gronze, Eroski Consumer). Se pretenderem o certificado de conclusão do Caminho de Santiago deverão adquirir uma credencial do peregrino, vendida nas igrejas e albergues das cidades por onde passa o Caminho. Devem carimbar a vossa credencial em todos os locais possíveis que surjam durante a vossa jornada (igrejas, albergues, restaurantes).
O que levar
O mínimo possível. E esta é, de facto, uma das dicas mais importantes. O peso da mochila que vão carregar não deve ultrapassar 10% do vosso peso corporal e a verdade é que precisam de muito pouco para o Caminho. Podem lavar a vossa roupa em praticamente todos os albergues públicos e esta é uma boa opção. A roupa pode secar durante a noite e, se não secar, prendam na mochila e vai acabar por secar durante o dia seguinte!
A roupa que devem levar vai depender da altura do ano em que vão fazer o Caminho. Se tiverem a certeza que não vai chover, podem dispensar roupa impermeável, capa de chuva e protecção de chuva para a mochila. Por outro lado, se vão fazer o caminho durante uma época de calor, não se esqueçam do protector solar e de um boné/chapéu.
Botas, mochila e meias de caminhada (vale a pena investir nas meias) e vaselina para os pés (foi a minha melhor amiga durante 5 dias) são os principais ponto-chave para minimizar os danos corporais provocados pelo Caminho. O calçado deve ser específico para caminhada (acho que as botas são a melhor opção porque protegem as articulações do tornozelo e o piso é, em algumas alturas, irregular), assim como as meias, com reforço nas áreas de maior atrito. Uma mochila com protecção nas costas, que permita o ajuste perfeito à vossa altura e com cinto vai minimizar o esforço sobre a vossa coluna vertebral.
Onde ficar
Se querem viver a verdadeira experiência, os albergues públicos são a melhor opção. É aqui que se conhecem outros peregrinos, se aprendem algumas dicas e se ouvem as melhores histórias.
Não é possível fazer reserva para estes albergues. O truque é ser dos primeiros a chegar para garantir a tão esperada cama. Precisarão também de ter na vossa credencial do peregrino pelo menos 2 carimbos desse mesmo dia que comprovem que acabaram de concluir uma etapa do Caminho. Estes albergues têm um preço fixo de 6€ e um horário de abertura que vai normalmente das 13h às 22h, o que significa que se chegarem antes das 13h ficarão na provável fila que estará à porta e que antes das 22h terão de estar dentro do albergue. Os albergues públicos ficam normalmente no Caminho e estão bem identificados. Caso já não consigam uma vaga nestas maravilhosas instalações, não faltam opções nas principais cidades de passagem do Caminho.
Sinalização do Caminho
Ao longo do Caminho vão encontrar marcos quilométricos (como o da imagem acima) que têm a distância até Santiago e a concha, um dos símbolos do Caminho. Existem ainda várias setas amarelas pintadas em paredes, no chão ou nos postes de electricidade que indicam a direcção a seguir. Às vezes, já dentro das cidades, as marcações do Caminho são mais escassas mas os habitantes terão todo o gosto em indicar-vos por onde devem seguir.
Quando iniciar cada etapa
Depende de como passaram a noite anterior, de onde ficaram alojados e da vossa preferência. Se ficarem num albergue público, o mais provável é acordarem bem cedinho com o barulho dos restantes peregrinos. E, na minha opinião, é a melhor opção. O Caminho torna-se muito mais duro feito debaixo do sol, principalmente quando as etapas incluem vários percursos em asfalto e sem sombras. E também é a hipótese mais segura para conseguirem um lugar no albergue público do destino.
O que fazer durante o Caminho
Reflectir na razão de o estarem a fazer, apreciar a paisagem sempre que as condições atmosféricas, a hora do dia e o ânimo permitirem, ler as mensagens deixadas ao longo do Caminho pelos peregrinos anteriores e deixar a vossa própria marca.
A cada etapa concluída as dores e o cansaço serão progressivamente maiores. No entanto, a alegria por concluir cada dia e a vontade de chegar ao destino serão igualmente crescentes.
E não se esqueçam que o caminho se faz caminhando. Chegar ao Km 0 será a vossa melhor recompensa.
Bom Camiño!
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