9 de novembro de 2015

Abraçar a tradição: sugestões de S. Martinho

Como tantas das nossa tradições, o S. Martinho chega-nos enroupado em lendas validadas pela tradição Cristã. Contudo, esta é uma data celebrada um pouco por toda a Europa e que remete para as nossas origens pagãs que tanto reverenciavam a terra e os seus ritmos. Independentemente de celebrarmos uma ou outra versão, importa manter viva a nossa identidade colectiva - se, nesta altura, já sabem alguma coisa sobre mim, é que qualquer motivo é válido para festejar. 

Assim, e para além do "no dia de S. Martinho, vai à adega e prova o vinho", sugiro três formas de celebrarmos este período ao ritmo da história e das estações (sem prejuízo de provarem vinho).

1. Para todos aqueles que têm filhos/sobrinhos/mini humanos próximos sugiro que costurem uma capa para acompanhar a história do S. Martinho que lhes vão contar. Porque, verdade ou não, é um veículo para incutir valores como o altruísmo e a entreajuda.

a) Comecem por medir a largura de ombro a ombro de uma t-shirt da vossa criança. Esse será o raio da vossa circunferência.
b) De seguida, dobrem o tecido que escolheram para a capa em quatro partes, de modo a cortarem um círculo com o raio que mediram anteriormente. Se escolherem fleece ou feltro não precisarão de costurar, uma vez que não desfia.
c) Abram o vosso círculo de tecido, mantendo-o dobrado em duas partes. Marquem o centro.



d) Voltem a usar a t-shirt para cortar a abertura para o pescoço (parte de trás da capa). Cortem em forma de folha.
e) Podem cortar apenas uma racha, à frente, para vestir a capa, ou podem fazer uma abertura a toda a altura. Se fizerem apenas uma racha podem fazer também duas pequenas aberturas para os braços (aconselho que façam isto depois da criança em questão experimentar a capa, para que a localização seja a mais confortável).

A minha capa é um pouco mais complexa porque escolhi fazenda e quis também revestir o interior com um algodão bonito (e acrescentar uma gola). Porque o fácil raramente é a minha escolha (e o arrependimento não mata, mas mói, e não é pouco).



2. Impressionem toda a gente com uns gnocchi de batata doce (ou façam como eu e congelem-nos, são uns autênticos life savers quando falta tempo e/ou vontade de cozinhar).

Ingredientes:
Batata doce cozida (cerca de 350 gramas)
1 gema de ovo
Sal, pimenta e noz moscada
Farinha (entre 3/4 de chávena a 1 chávena)

Preparação:
a) Comecem por desfazer a batata doce com um garfo ou um daqueles aparelhos para fazer puré (como é que se chamam exactamente?)
b) Juntem o ovo, temperem a gosto (eu escolhi estas especiarias, mas podem adicionar outras de vossa preferência) e vão juntando a farinha, pouco a pouco e mexendo entre adições, até terem uma massa de consistência moldável, mas não demasiado enfarinhada (ou ficará seca).



c) Dividam a vossa massa em 4 partes. Façam um rolo com cada uma e cortem os gnocchi em pedaços de 2 cm, mais ou menos. Podem depois moldá-los a gosto ou dar algum relevo com a ajuda de um garfo. Tentem não trabalhar  muito a massa para que não fique elástica.



d) De seguida, levem os gnocchi a cozer em água com um pouco de sal (ou congelem, usando papel pardo entre camadas, para que não fiquem pegados). Assim que vierem à tona em busca de oxigénio, estão prontos. Depois podem passá-los num pouco de manteiga ou azeite. Gosto de juntar alho e alecrim ao azeite.  Funciona bem como prato principal (com bacon e couves de bruxelas ou cogumelos, por exemplo) ou como acompanhamento de pratos de carne.



Acreditem que ficam a anos luz dos gnocchi de compra.

3. Sirvam as castanhas assadas em cartuchos feitos em casa.
As castanhas são obrigatórias, deliciosas e não é verdade que as de cartucho sabem sempre melhor? (também porque foi outra pessoa que teve o trabalho de as cortar e assar, mas isso são pormenores)



Usei materiais que tinha em casa (papel reciclado, decotape e carimbos).

Abracem a tradição com rituais renovados!




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